Lixão
S A N I T Á R I A
LIXO: COMPREENDER
A imensa quantidade de lixo gerada nas cidades atuais representa um desafio para seus administradores e sua população. A gestão de resíduos – coleta, tratamento e destino final – é cara, e o quadro é agravado pela falta de planejamento, aliada a idéias equivocadas e muito difundidas sobre o assunto. Ter clareza da complexidade do sistema de limpeza urbana necessário às nossas cidades é decisivo para educar a população e obter sua participação nas soluções. Não se podem reforçar crenças em soluções milagrosas que nos afastam do adequado enfrentamento técnico-cultural desse delicado problema, que, como a morte, a todos afeta.
Emílio Maciel Eigenheer Centro de Informação sobre Resíduos Sólidos, Universidade Federal Fluminense, e Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro João Alberto Ferreira Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Nos aterros sanitários (na imagem, o aterro Bandeirantes, na Zona Norte de São Paulo), o lixo é compactado em áreas impermeabilizadas e coberto
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E N G E N H A R I A
S A N I T Á R I A
PARA ESCLARECER
É da nossa tradição avaliar os serviços públicos de limpeza urbana por dois parâmetros básicos: 1. coleta eficiente do lixo doméstico e 2. varrição metódica de logradouros públicos (ruas, praças etc.), em especial os de maior visibilidade. A existência de um sistema de coleta seletiva de lixo também passou recentemente a ser um ponto ressaltado e valorizado. Tais parâmetros, porém, não dão conta da complexidade da limpeza urbana e não são suficientes para uma avaliação criteriosa desse serviço prestado pelas municipalidades, não apenas nas médias e grandes cidades, mas principalmente em nossas metrópoles. Essa percepção limitada acaba colaborando indiretamente para a permanência da difícil situação que o Brasil enfrenta,