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APONTAMENTOS
Eduardo Donizeti Girotto1
A escola pública ganha visibilidade na ordem atual das coisas. Basta um olhar um pouco mais atento para os diversos meios de comunicação para que esta constatação se torne efetiva. Ao mesmo tempo, porém, é possível perceber que tal visibilidade, joga luz muito mais sobre os problemas do que sobre os avanços da escola pública. Ela é acusada, por todos os lados, por sua incapacidade de ensinar, educar, controlar, disciplinar... enfim, por não cumprir todos os anseios projetados sobre ela pela sociedade. Mas é preciso ir além desta constatação para se compreender os processos e fenômenos relacionados que envolvem as transformações pelas quais vem passando a escola pública nas últimas décadas, bem como analisar de forma atenta, séria e crítica as relações intrínsecas existentes entre as problemáticas que envolvem, ao mesmo tempo, a escola e a sociedade.
Neste sentido, buscaremos aqui, discutir aquilo que consideramos serem as principais problemáticas que envolvem a escola pública e a democracia no
Brasil, partindo do pressuposto de que tanto uma como outra tratam de fenômenos recentes e em plena construção. Esta afirmação inicial se faz necessário para que não caíamos no erro de transpor para a realidade brasileira determinadas
interpretações
realizadas
para
explicar
as
problemáticas das escolas públicas em outros países. Por mais que existam traços comuns, acreditamos que há muito mais elementos de diferenciação do que de identidade. Portanto, compreender a escola pública brasileira passa, necessariamente, por
uma
compreensão
das
questões
centrais
do
desenvolvimento do Estado brasileiro, das suas contradições, estratégias e crises. 1
Mestre em Geografia Humana. Professor Assistente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Campus Francisco Beltrão. Email: egirotto@usp.br
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Um pequeno diálogo com