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1. Variação linguística diacrônica: transformações linguísticas ao longo da história da Língua Portuguesa
A língua por ser um organismo vivo e dinâmico apresenta variações, ou seja, ela se diferencia de modo sistemático e coerente conforme o contexto histórico, geográfico e sociocultural, em que seus falantes estão inseridos, refletindo as manifestações de um grupo social.
Nesse sentido, a definição adequada para variação linguística relaciona-se ao conjunto de diferentes realizações linguísticas, no contexto oral ou escrito, pelos falantes de uma mesma língua. Essas variações podem ser dividas em diacrônicas e sincrônicas, em que a primeira preocupa-se com o estudo das mudanças da língua no decorrer da história, já a segunda centra seus estudos nas mudanças linguísticas que ocorrem num mesmo momento histórico, levando em consideração fatores sociais, regionais, o estilo e o registro (oral ou escrito). Contudo, nesta unidade de aprendizagem entenderemos a variação linguística diacrônica.
1.1. Variação Diacrônica
O estudo linguístico das variedades diacrônicas é desenvolvido pela filologia, ciência que organiza seus estudos em língua, com vistas a explorar seus aspectos históricos, levando-nos a compreender fenômenos pertencentes à atualidade.
Imagine, por exemplo, nas formas populares de brusa e bicicreta (quando em português, o adequado é blusa e bicicleta), pronunciado em todas as regiões brasileiras por pessoas pertencentes a classes populares, com baixo grau de escolarização. Temos aí a explicação de ocorrência de um fenômeno linguístico conhecido como rotacismo, que constitui a troca do l ou s pelo r. Isto é uma característica inerente à língua portuguesa, sendo considerada uma inclinação, verificada há muitos séculos da evolução do latim ao português, veja nos seguintes exemplos:
LATIM PORTUGUÊS
placere prazer clavu cravo blandu brando
Guimarães, 2012