Livros i e ii da ética à nicômaco
LIVRO I
Aristóteles inicia o primeiro livro da obra Ética à Nicômaco afirmando que toda arte e toda investigação, bem como toda ação e toda escolha visam a um bem qualquer. Afirma, ainda, que muitas são as ações das artes e ciências, e muitas também são suas finalidades. Assim, o fim da medicina seria a saúde, o da construção naval o navio, o da estratégia militar a vitória etc. No entanto, algumas finalidades específicas podem ser consideradas como meio para o atingimento de finalidades mais fundamentais, tornando-se finalidades subordinadas, na medida em que são praticadas em função daquelas outras.
O texto parece um pouco complexo até que se percebe ter Aristóteles utilizado os termos “fins” e “finalidade” como sinônimo de bem. Isto fica claro quando é dito que entre os fins observa-se uma certa diversidade: alguns são atividades, outros são produtos distintos das atividades das quais resultam. Assim, o “fim” pode ser a atividade em si mesma (selaria, v.g), como pode ser, também, algo distinto (vitória militar, v.g), conquistada com a ajuda das atividades de selaria entre outras. Por isso o filósofo sustenta que onde há fins distintos das ações (leia-se, bens que não se confundem com a atividade em si), tais fins são, por natureza, mais excelentes do que as últimas. Daí também ser possível compreender a diferença entre bens e bem supremo. Este, o que desejamos por si mesmo; aqueles, os que desejamos em razão desse sumo bem. Melhor exemplo seria a riqueza. Nós a buscamos não porque ela tenha fim em si mesmo, mas porque ela nos proporciona maiores condições de alcançarmos a felicidade. Esta, sim, é o fim último de todas as ações.
Para Aristóteles o conhecimento desse sumo bem é de fundamental