Livro neuromancer
William Gibson
Autor: William Gibson Título: Neuromancer Tradução: Abdoulie Sam Boyd e Lumir Nahodil Data Publicação Original: 1984 Data da Digitalização: 2002
Esta obra não possui direitos autorais pode e deve ser reproduzida no todo ou em parte, além de ser liberada a sua distribuição, preservando seu conteúdo e o nome de seu autor.
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AGRADECIMENTOS
A Bruce Sterling, a Lewis Shiner, a John Shirley, Helden. E a Tom Maddox, o inventor do ICE. E aos outros, que sabem por quê.
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Para Deb que tornou isto possível com amor
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BLUES DE CHIBA CITY
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O céu por cima do porto tinha a cor de uma TV que saiu do ar. — Não é que eu queira — Case ouviu enquanto abria caminho pela multidão que estava na porta do Chat. — Mas é como se o meu corpo tivesse criado, por si mesmo, esta enorme dependência da droga. Obviamente uma voz Sprawl e uma piada Sprawl. O Chatsubo era um bar para expatriados profissionais; era possível freqüentá-lo assiduamente durante uma semana e jamais ouvir duas palavras em japonês. Ratz estava de serviço no balcão, com o braço protético balançando monotonamente, enchendo uma bandeja de copos com Kirin tirada sob pressão. Reparou em Case e sorriu, exibindo uma dentadura que mais parecia uma trama formada por aço da Europa do Leste e matéria de cor castanha em decomposição. Case encontrou um lugar junto ao balcão entre o impossível bronzeado solar de uma das prostitutas do Lonny Zone e o rígido uniforme naval de um africano alto, cujos malares estavam rodeados de filas bem-defini-das de cicatrizes tribais. — O Wage já esteve aqui com dois capangas — informou Ratz, ao mesmo tempo que empurrava um dos copos com mão hábil. — Talvez estivesse te procurando, Case. Case encolheu os ombros. A moça da sua direita deu uma risadinha e tocou-o com o cotovelo. O sorriso do barman tornou-se mais aberto. A feiúra do homem constituía motivo de lenda: numa época de beleza ao alcance do bolso, havia nela qualquer