Livro-Branca de neve tem que morrer
Nele Neuhaus
Numa noite chuvosa de novembro, Rita Cramer é empurrada de uma passarela e cai em cima de um carro em movimento. Pia e Bodenstein, da delegacia de homicídios, têm um suspeito: Manfred Wagner. Onze anos antes, a filha de
Manfred desaparecera, sem deixar pistas, e um processo baseado em provas circunstanciais condenou Tobias, filho de Rita Cramer, a dez anos de prisão.
Logo após cumprir a pena, Tobias retorna à sua cidade natal e, repentinamente, outra garota desaparece. Os acontecimentos do passado parecem repetir-se de maneira funesta. Pia e Bodenstein se deparam com um muro de silêncio. As investigações transformam-se numa corrida contra o tempo, iniciando uma verdadeira caça às bruxas.
Quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Ele não disse “até logo”. Ninguém que sai da prisão diz “até logo”. Nos últimos dez anos, imaginou inúmeras vezes o dia de sua libertação. Agora era obrigado a constatar que, na verdade, seus pensamentos sempre iam apenas até o momento em que ele passava pelo portão rumo à liberdade, e esta, de repente, lhe parecia ameaçadora. Não tinha planos para sua vida. Não mais. Mesmo sem as contínuas advertências dos assistentes sociais, havia muito ele já sabia que o mundo não lhe daria as boas-vindas e que ele teria de se preparar para todo tipo de restrição e derrota em seu futuro, que já não seria muito cor-de-rosa. A carreira de médico, que em outros tempos ele almejara depois de tirar nota máxima no último exame da escola, ele podia esquecer. Talvez seus estudos e a formação em metalurgia que ele tivera na cadeia o ajudassem. Em todo caso, já estava na hora de encarar a vida.
Quando o portão de ferro cinza e armado de pontas da prisão de Rockenberg bateu com um ruído metálico atrás dele, ele a viu em pé do outro lado da rua. Embora nos últimos dez anos ela fosse a única da antiga turma a lhe escrever regularmente, ficou surpreso ao vêla ali. Na verdade, estava esperando seu pai. Ela estava encostada no