literatura

Crônica: Juca Sortudo
Fábio é um amigo da família, e vem se revelando um excelente contador de histórias. Uma noite dessas ele apareceu em casa, e entre um café e outro foi-lhe pedido que contasse uma história das boas.
- Conte aquela do caminhãozinho, Fábio, é muito boa – alguém sugeriu.
- Pombas, mas eu não sei se a história é verdadeira ou não. Meu tio jura que sim, mas a história é muito fantástica e…
- Ora, Fábio, conte logo; queremos ouvir.
- Está bem, mas depois não venham reclamar.
E assim, gesticulando bastante, nosso amigo principiou a narrativa de uma fantástica história, cujo relato segue abaixo.

O tio de Fábio chama-se Irineu. Hoje está aposentado, porém há muitos anos atrás ele era caminhoneiro, dirigia um pequeno caminhão por esse Brasil afora. Com ele ia sempre um ajudante, cujo nome era Quico. Os dois eram inseparáveis, e já vinham trabalhando juntos no pequeno caminhão há alguns anos. A vida era sofrida, porém nunca havia tédio, monotonia. O dinheiro era curto, difícil, e o caminhãozinho vivia quebrando na estrada, exigindo muito da dupla para continuar funcionando.
As estradas atuais são muito ruins, porém naquela época elas praticamente não existiam. Era sempre uma vitória quando o motorista conseguia chegar ao destino sem ter padecido com um pneu rasgado, ou um vidro quebrado, ou ainda um farol arrancado. Era muito comum, ao descer em seu destino final, o caminhoneiro sair da boléia sobraçando um gordo tatu, ou um tateto, ou ainda uma capivara ainda viva. E tio Irineu e Quico sempre tinham tais novidades. Isso misturado a uma variegada quantidade de frutas do mato, plantas, flechas, e dezenas de bugigangas compradas na estrada.
Irineu andava armado, pois a estrada o exigia, não tanto por malfeitores e bandidos, porém antes por riscos com os animais e índios. Levava também na boléia um grande machado, um pé-de-cabra alemão, facões, cordas e petrechos para o que desse e viesse, além, é claro, do parabelo.
Um dia ele e Quico estavam