Literatura e arte
A laicização da literatura, instalada com o Romantismo, muda a concepção da leitura. A aprendizagem da leitura, transformada em prática social e servindo de legitimação da burguesia, possibilita a emancipação da criança e a assimilação dos valores da sociedade. Nos seus primórdios, a literatura infantil tem função formadora, ao apresentar modelos de comportamento com a finalidade de reforçar os valores sociais vigentes. A literatura infantil contemporânea oferece uma nova concepção de texto escrito, aberto a múltiplas leituras, questionamentos e reflexões. A biblioteca escolar desempenha um papel relevante no despertar o gosto pela leitura da literatura infantil. O bibliotecário, consciente de sua função de educador, prioriza a leitura de textos de qualidade que desenvolvam a capacidade crítica da criança.
1 INTRODUÇÃO
Ao buscar no grego o pleno sentido de ler como sendo legei – temos colher, recolher, juntar, que no latim transformou-se em lego, legis, legere – juntar horizontalmente as coisas com o olhar. Entretanto, os latinos também usavam interpretare para ler, mas com um significado mais profundo, o de ler verticalmente, sair de um plano para outro, de forma transcendente. Nesse sentido, a leitura ultrapassa o passar de olhos por algo, mas vai além do visualizar, aventurando-se no desconhecido para uma plena compreensão do sentido das coisas.
Se a escritura se configura como um meio transmissor de informação, a leitura se configura como um meio de aquisição do que se passa ao redor do homem. A leitura é, portanto, um ato social, e como tal, uma questão pública.
Tem-se como assertiva que a criança, ao realizar a leitura de textos literários, não passa apenas os olhos pela página impressa. Busca um sentido nas palavras, aventura-se no desvendamento do enigma do código escrito.
A quantidade dos textos literários infantis no mercado livreiro propicia a criação de diversos públicos-leitores, cada qual com sua preferência. Mas, induzido pelo autor,