literatura oral mocambicana
A literatura produzida em Moçambique, como as demais literaturas africanas nos países colonizados por Portugal, era uma extensão da literatura portuguesa. Sob a forma escrita, a produção literária sedimenta-se, a partir da década de 1940, por meio de periódicos publicados por intelectuais e escritores, em geral de contestação ao colonialismo português, a exemplo do "Brado literário" que circulou no país entre 1918 e 1974 com textos de Rui Nogar, Marcelino dos Santos, José Craveirinha, Orlando Mendes e Virgílio Lemos, entre outros. No século XIX, a imprensa e a literatura estiveram próximas, sendo a primeira uma alternativa profissional para os escritores que não podiam sobreviver da produção literária. Em 1975, quando alcançou sua independência política, Moçambique ainda era distante de um "sistema literário", conceito criado pelo teórico Antonio Cândido, segundo o qual um sistema literário passa a existir quando um grupo de escritores escreve para um público que reage influenciando-os a produzir novas obras, e assim sucessivamente.1
Embora tênue, a linha divisória entre a literatura portuguesa e as literaturas africanas em nossa língua era bastante bem definida por sua busca de uma identidade nacional no contexto das lutas contra o colonialismo: pensar a identidade cultural do país não como colônia, mas como nação independente, com autonomia política, econômica, cultural e religiosa. Entre 1964, quando teve início a luta armada de libertação nacional, até 1975, quando Moçambique conquistou sua independência política, a literatura voltou-se para a própria história e seus fatos, a luta armada e a revolução, a exemplo do Chigubo publicado em 1964