Mia Couto
António Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu em Beira, Moçambique, em 1955. O nome “Mia” é proveniente de sua paixão pelos gatos e pelo facto de seu irmão menor, em tempos de infância, não conseguir pronunciar o seu nome corretamente. Professor, Biólogo, jornalista e escritor, estudou também Medicina, mas acabou por abandonar o curso e passou a dedicar-se inteiramente a escrita. Ajudou a compor o hino nacional assim como também ajudou na luta pela independência de Moçambique.
Em conversa no programa Roda Viva com Mia Couto (Youtube, 05/11/2012), vários são os tópicos abordados. Por conseguinte, selecionei o tópico que mais relevante me pareceu, a identificação e reconhecimento, tanto da literatura africana como da própria literatura moçambicana.
Primeiramente, ao ser questionado sobre as vantagens e desvantagens de ser um escritor Moçambicano, uma vez que a literatura Moçambicana é recentíssima, “não tem tradição”, bastante pequena e fechada, Mia Couto realça a necessidade do escritor ter a sua raiz, asas e voar, sentir-se solto para criar. Por outras palavras, o que está em causa não é só o facto de ser Moçambicano, mas sim a capacidade do escritor de usar a suas influências, as suas raízes para criar.
Em seguida, é-lhe perguntado sobre o reconhecimento do seu trabalho em Moçambique, se por acaso, seria capaz de publicar uma obra em língua nacional visto que "só uma pequena percentagem fala português". O escritor afirma que o seu trabalho é bastante reconhecido no seu país, mas que ele não está sozinho, isto é, ele não é o único escritor Moçambicano a ser reconhecido a nível nacional. Couto, por sua vez, refuta a afirmação feita sobre a percentagem de falantes do português dizendo que embora português seja uma língua minoritária, é das mais faladas no país atualmente, descrevendo o português como uma língua que atravessa o país inteiro, uma língua franca. Quanto a possibilidade de escrever uma obra numa das línguas nacionais,