literatura na formação do leitor
Para responder a esta questão, leia o conto e ouça a gravação na voz do ator Othon Bastos, disponível na plataforma.
Cada quesito das perguntas abaixo vale 1 ponto. Portanto desenvolva e fundamente com exemplos as suas respostas.
Um bilhete Antes mesmo que acabasse o baile, Maria Adelaide dizia à mãe que não queria ficar um minuto mais que fosse. ̶ Que é isso? disse-lhe a mãe. Deu uma hora agora mesmo. ̶ Não quero saber. Vamo-nos embora. ̶ Ora, meu Deus! ̶ Vamos, vamos. Não havia que dizer; a mãe era governada pela filha, e perderia o lugar no céu, se tanto fosse preciso, para não desgostá-la. Note-se que não cedia pouco desta vez; cedia e cedia, que era excelente, e a boa viúva professava esta filosofia: - que as ceias excelentes são preferíveis às boas, as boas às más e as más às que não tem existência. Sacrificava a melhor parte do baile; mas, enfim, com tanto que a filha não padecesse. Padecer, padecia. No carro, logo que as duas entraram, Maria Adelaide começou a ralhar com tudo, com o carro, com a capa, com o calor, com pó, com a mãe e consigo mesma. A mãe entendeu logo: era algum desgosto que o Chico Alves lhe dera. Realmente, lembrou-se que o Chico Alves, indo despedir-se delas, nem alcançou que Maria Adelaide olhasse para ele. A moça deu-lhe os dedos, a pontinha apenas, e falou-lhe de costas; naturalmente estavam brigados. A viagem foi atribulada. Nunca o mau humor da moça foi tamanho nem tão explosivo. A mãe pagou pelo namorado, mas como era prudente e estava com fome, preferiu não dizer nada. Em casa, continuou o mau humor. A pobre criada da moça padeceu como nunca. Maria Adelaide entrou para os seus aposentos, furiosa, despiu-se às tontas, dizendo coisas duras, rasgando uma das mangas do vestido, atirando as flores ao chão, raivosa e indignada sem causa