Literatura Literatura e Subdesenvolvimento
Texto: Literatura e Subdesenvolvimento (1970)
Autor: Antônio Cândido
Em Literatura e Subdesenvolvimento (1970), Antônio Cândido discute o caminho percorrido pela literatura latino-americana e identifica as fases da consciência de atraso da América Latina, em especial do Brasil, relacionando-as com os movimentos literários e propõe a sua compreensão a partir da análise sobre o subdesenvolvimento e a criação literária. O autor faz a distinção sob dois aspectos: a fase de consciência amena de atraso, predominante até a década de 1930, correspondente à ideologia de "país novo", que ainda não pudera realizar-se, mas com um sentimento de grandes possibilidades de progresso futuro. E a fase da consciência catastrófica de atraso, correspondente à noção de "país subdesenvolvido", posterior à Segunda Guerra Mundial que se manifestou a partir da década de 1950. Cândido infere que as características literárias com a idéia de país novo na fase de consciência amena de atraso, se associam ao deslumbramento provocado pela descoberta da América, que a partir da carta de Colombo, se constituiria um lugar privilegiado, com projeções utópicas de conquista e colonização, inaugurando um interesse pelo exótico, um respeito pelo grandioso e esperança quanto às possibilidades de ser a pátria da liberdade, em razão das contradições do estatuto colonial que levaram as camadas dominantes à separação política em relação às metrópoles no período colonial. Para Cândido, essa idéia de pátria vinculada à natureza e o estado de euforia foi herdado pelos intelectuais latino-americanos, que os transformaram em instrumentos afirmação nacional e em justificativa ideológica. A valorização de uma literatura com tendências regionalistas, projetada no pitoresco, no exotismo natural, na grandiosidade de pátria, bela e fértil, onde o uso de uma linguagem de celebração e sentimentalista, favorecida pelo Romantismo, com apoio na hipérbole e na transformação do exotismo em estado de alma e