Literatura de são tomé e princípe
Introdução à Literatura de São Tomé e Príncipe
Nota sobre a Literatura Santomense
A poesia de Francisco José Tenreiro
INTRODUÇÃO À LITERATURA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE Manuel Ferreira A evolução social de São Tomé e Príncipe teria sido paralela, em muitos aspectos, à de Cabo Verde. Mas, em meados do século XIX, implantando-se osistema de monocultura, a burguesia negra e mestiça vai ser violentamente substituída pelos monopólios portugueses, o processo social do Arquipélagoalterado e travada a miscigenação étnica e cultural. Mesmo assim, não podem deixar de ser considerados os efeitos do contacto de culturas. A suapoesia, de um modo geral, exprime exactamente isso; mas, na essência, é genuinamente africana. A primeira obra literária de que se tem conhecimentorelacionada com S. Tomé e Príncipe é o modesto livrinho de poemas Equatoriaes (1896) do português António Almada Negreiros (1868-1939), que aliviveu muitos anos e terminou por falecer em França. A última é a de um moderno poeta português, crítico, e professor universitário em Cardiff, AlexandrePinheiro Torres, cujo título, A Terra de meu pai (1972), nos fornece uma pista: memorialismo bebido na ilha, por artes superiores de criação literáriametamorfoseada na ilha «que todos éramos neste país solitário». Sem uma revista literária, sem uma actividade cultural própria, sem uma imprensasignificativa, apesar do seu primeiro periódico, O Equador, ter sido fundado em 1869, com uma escolaridade mais do que carencial os reduzidos quadrosliterários do Arquipélago naturalmente só em Portugal encontraram o ambiente propício à revelação das suas potencialidades criadoras. O primeiro casoacontece logo nos fins do século XIX com Caetano da Costa Alegre (1864-1890), (Versos, 1916) cuja obra foi deixada inédita desde o século passado. Cabe aqui, todavia, uma referência particular ao teatro a que poderemos chamar «popular», pelas características e relevância que