Literatura afro brasileira
O que é? Para quê? Como trabalhar?
por Ana Lúcia Silva Souza, Andréia Lisboa Sousa e Rosane de Almeida Pires*
(08/03/2005)
Escrevemos este texto em março, quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres. Dedicamos a todas elas, em especial às nossas mães, sábias, contadoras de histórias, leitoras do mundo.
A leitura da literatura infanto-juvenil pode contribuir com a promoção da igualdade étnico-racial em ambientes educativos. Esta é uma das bandeiras há muito levantadas por ativistas do movimento negro, educadores (as) e pesquisadores (as) envolvidos (as) com o assunto. Atualmente a discussão ganha densidade mediante a aprovação da Lei 10639/2003 e do Parecer CNE/CP 003/2004, documentos que instituem a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos de Educação Básica.
Tomar a promoção da igualdade étnico-racial como política pública, aos poucos ainda tímida e insuficientemente, tem tido importantes repercussões pedagógicas e vem influenciando vários segmentos, entre eles o mercado editorial. Nesse contexto social, a produção de literatura infanto-juvenil busca firmar-se com novas posturas e temáticas em relação às questões raciais.
O que há de novo e de bom no mercado editorial? Como saber? Como escolher livros? Com promover a leitura de livros de literatura com temática afro-brasileira em sala de aula, que aqui estamos chamando de afro-literatura? Este é um conjunto de questionamentos que devem estar presentes nos cursos de formação de professores, em todas as modalidades, instigando o redesenho de princípios e práticas para lidar com assuntos antes silenciados ou tratados de maneira danosa ou perversa.
Adiantamos que a tarefa em torno da leitura destes livros é dupla e concomitante: reconhecer e denunciar abordagens, textos e imagens que possam de alguma maneira desfavorecer a construção positiva da identidade da população negra e também identificar materiais,