Lipman para crianças
Bernardo Carvalho
No início, a aceitação do método criado por Matthew Lipman no Brasil foi maior em escolas com uma visão mais aberta da educação, em geral particulares.
Aos poucos, o projeto foi sendo introduzido na rede estadual e cumprindo sua vocação mais social. Hoje, nos EUA, Lipman está desenvolvendo um programa adaptado para menores de rua.
O método está centrado em textos de ficção, em que personagens vivem situações que os levam a pensar sobre certos conceitos e situações. “Estamos tentando trazer a filosofia para o primeiro grau em toda a sua integridade. O método — se tivermos que usar esse termo — diz respeito à investigação”, diz Ann Margaret Sharp, do Institute for the Advancement of Philosophy for Children.
O programa consiste de sete livros, que acompanham o aluno da pré-escola ao segundo grau. “No Brasil, até agora, temos apenas três livros adaptados: Issao e Guga,
Pimpa, e A Descoberta de Ari dos Telles. Cada um deles enfatiza uma área do conhecimento e da filosofia, que pode ser ecologia, percepção do mundo, filosofia da ciência etc.”, diz Ana Luiza Falcone, diretora do Centro Brasileiro de Filosofia para
Crianças, formada em filosofia pela PUC.
Elfie (pré-escola e primeira série) trata do próprio pensamento e da realidade;
Issao e Guga (primeira, segunda e terceira séries), de questões relacionadas à natureza;
Pimpa (terceira, quarta e quinta séries), do significado da linguagem; A Descoberta de
Ari dos Telles (quinta e sexta série), da lógica; Luíza (sétima e oitva séries), da ética;
Suki (segundo grau), da estética; e Mark (segundo grau), de filosofia política e social.
Os livros são adaptados pelo CBFC e editados pelo Yázigi. “Não há figuras, justamente para incentivar a imaginação. As ilustrações acabam estereotipando certas imagens e o pensamento criativo”, diz Falcone.
Cada história tem um manual específico para uso do professor. “O professor tem que mudar de