A ironia e a maiêutica socrática no ensino de filosofia para crianças.
Sócrates (C.470-390 a.C.) nasceu e viveu em Atenas. Filho de um escultor e de uma parteira, conhecia a doutrina dos filósofos que o antecederam e de seus contemporâneos. Diziam que era um homem feio, mas que quando falava, exercia fascínio sobre os que o procuravam, sobretudo os jovens, passando horas discutindo em praça pública. Esta pequena biografia de Sócrates já nos aponta a postura de um exímio educador: detentor de conhecimento, dom da oratória e carismático. Estas três virtudes somada aos elementos próprios da ironia e da maiêutica que veremos a seguir deveriam ser o fio condutor da nossa prática docente se desejamos lograr êxito em nossas aulas no Ensino Fundamental, tal qual o fascínio que desenvolveu Sócrates sobre seus admiradores nas praças públicas de Atenas.
Para Sócrates a ironia consiste em perguntar simulando não saber. Desse modo, o interlocutor expões suas opiniões, à qual Sócrates contrapõe argumentos que o fazem perceber a ilusão do conhecimento.
A maiêutica centra-se na investigação dos conceitos. Para tanto, Sócrates faz novas pergunta para que o interlocutor possa refletir. Portanto não ensina, mas o interlocutor descobre o que já sabia.
O interessante neste método é que nem sempre as discussões levam de fato a uma conclusão efetiva, mas ainda assim trazem o benefício de cada um abandonar sua opinião (doxa), um conhecimento impreciso e sem fundamento. A partir daí, é possível abandonar o que se sabia sem crítica e atingir o conhecimento verdadeiro.
Feito estes esclarecimentos iniciais, resta-nos identificar os elementos do método socrático na proposta de Mattew Lipman para ensinar filosofia para crianças.
Geralmente, quando se fala de ensino de Filosofia para crianças, muitos se surpreendem, pensando que tal objetivo se torna quase impossível. Isso se dá mediante o fato de que muitos veem a Filosofia apenas como uma disciplina escolar para ensino médio e