Linguistica
Quando estudamos, discutimos, e praticamos a psicanálise temos em mente a questão do significante lacaniano e o registro do simbólico, a premissa de que o inconsciente é estruturado como uma linguagem, e que o terceiro termo da análise, que legisla a relação analista/analisante é a palavra. O interesse desta pesquisa é revisar alguns dos conceitos de Saussure que levaram Lacan a pensar no inconsciente estruturado como uma linguagem.
A preocupação com a linguagem, com as palavras, com a gramática vem da antigüidade na Grécia onde os estudiosos dedicavam-se a estabelecer as boas regras do uso gramatical, numa disciplina normativa.
No século VIII prosperou a filologia cuja atividade era a de comentar textos, fazer a história literária, estudar os costumes dos povos para relacionar com as línguas que falam, estudar a origem das palavras, fazer a lingüística comparativa das diferentes épocas de uma mesma língua através da língua escrita, sempre através de textos escritos, sem pesquisar na língua falada.
No início do século XIX apareceu a gramática comparada entre diferentes idiomas, em busca de uma língua comum que tivesse dado origem a todas. Foi o tempo do estudo do sânscrito, do hindi, do latim, do grego, com o estudioso Franz Bopp. Não havia uma definição do campo de estudo da linguagem e das línguas.
No início deste século Saussure, em aulas dadas na Universidade de Genebra, faz um corte nesta tradição propondo outras idéias e lançando uma nova visão a respeito destes assuntos. Ele modificou o pensamento tradicional e serviu de partida para, alguns anos depois, outros estudiosos fundarem o estruturalismo. No aprés-coup do movimento estruturalista que surgiria, considera-se Saussure como o pai do movimento que nasceria a partir de 1915, com a fundação do Círculo de Lingüística de Moscou.
Saussure não escreveu um livro, e seu ensino chegou à cultura através das notas que seus discípulos tomavam nas suas aulas. Foram 3