LIGA
José Cerbino Neto 1
1Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz.
No dia 10 de outubro de 2014, o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz) recebeu o primeiro caso suspeito de doença pelo vírus Ebola identificado no Brasil. Vinte e quatro horas após a internação, o primeiro resultado de pesquisa do vírus Ebola pela reação em cadeia da polimerase (PCR) foi negativo. Seguindo a recomendação do protocolo vigente 1 nova amostra foi coletada 48h depois, e em 13 de outubro, com o segundo PCR para Ebola negativo, o caso foi descartado e as medidas de biossegurança foram suspensas. A experiência de manter internado em isolamento um caso suspeito de Ebola permitiu algumas conclusões sobre o preparo da unidade e os procedimentos durante a internação. Por outro lado, evidenciou também dúvidas que envolvem não apenas questões técnicas e científicas, mas a própria forma como a sociedade entende que devam ser encarados os desafios lançados por uma doença com as características do Ebola. Algumas dessas dúvidas são abordadas aqui.
Direitos individuais versus risco coletivo
O isolamento do paciente com doença pelo vírus Ebola é fundamental para conter a transmissão durante o período sintomático 2. Junto com o monitoramento de contactantes, formam a base da estratégia de enfrentamento e controle do Ebola. Têm sido extensivamente discutidos a estrutura física e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados para que o isolamento seja efetivo e seguro, mas todas as recomendações pressupõem a colaboração do paciente 3. Caso o paciente não queira permanecer no isolamento, como proceder? O isolamento compulsório precisa ser discutido na dimensão conceitual/legal e também na operacional 4, dentro de uma estratégia de comunicação. Caso se decida pelo isolamento compulsório é preciso definir quais os mecanismos de contenção poderão ser