Licenciatura Plena em Matemática
Mas essas duas perspectivas sa˜o muito diferentes. Essa alteridade da qual procurava-se mostrar o significado profundo (cap´ıtulo anterior), e tamb´em o valor inestim´avel, pode ser tamb´em encontrada dentro de cada sociedade, ta˜o grande ´e a diferencia¸ca˜o interna dos grupos sociais que compo˜em uma mesma cultura. Assim, se o interesse para os sistemas de representa¸c˜oes (mi- tologia, magia, religi˜ao. . .) permanece, ´e para mostrar o lugar e a fun¸ca˜o que s˜ao seus dentro de um conjunto maior: a sociedade global em questa˜o. O que ´e enta˜o tomado como explicativo precisa ser explicado. A antropologia simbo´lica realiza em muitos aspectos uma redundaˆncia sofisticada daquilo que era dito pelos pro´prios fatores sociais, ou, mais precisamente, pelos de- posit´arios habilitados do saber de uma parte do grupo. Perguntamo-nos agora: o que mostram, mas tamb´em dissimulam, esses discursos suntuosos que expressam menos a sociedade em sua realidade do que a sociedade em seu ideal? Assim, ao estudo da cultura como sistema de rela¸co˜es vividas, Malinowski, um dos primeiros, pede que se substitua o estudo da sociedade como sistema de rela¸c˜oes reais, que escapam aos atores sociais: ”Os objetivos sociolo´gicos nunca est˜ao presentes no esp´ırito dos ind´ıgenas”. O antropo´logo ´e que deve descobrir as leis de funcionamento da sociedade.
As produ¸c˜oes simbo´licas s˜ao simultaneamente produc¸˜oes sociais que sempre
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92 CAP´ITULO 8. A ANTROPOLOGIA SOCIAL: decorrem de pra´ticas sociais. N˜ao