LIBERTINAGEM
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem-comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
2) Mulheres (p.13)
És linda como uma história da carochinha...
E eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai
No tempo em que pensava que os ladrões moravam no morro atrás de casa e tinham cara de pau.
3) Vou-me embora pra Pasárgada (p.35)
“Vou me embora pra Pasárgada” “Aqui eu não sou feliz”
4) Porquinho-da-índia (p.18) ou p.14
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia
Que dor de coração me dava [...]
5) O impossível carinho (p.36)
“Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo” “Quero apenas contar-te a minha ternura”
6) Profundamente (p.29)
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
7) Belém do Pará (p.21)
Me obrigarás a novas saudades
Nunca mais me esquecerei do teu Largo da Sé
Com fé maciça das duas maravilhosas barrocas
E o renque ajoelhado de sobradinhos coloniais tão bonitinhos
8) Poética (p.16)
“Estou farto do lirismo namorador” “De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.”
9) Profundamente (p.30)
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha vó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa *
10) Mangue (p.18)
Mangue mais Veneza americana do que Recife
Cargueiros atracados nas docas do Canal Grande
Passam estivadores de torso nu suando facas de ponta
Café baixo
Trapiches alfandegados
11) Não sei dançar (p.11)
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje com alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
12) Comentário Musical (p.16)
“O comentário musical da paisagem só podia ser sussurro sinfônico da vida civil.”
13) Mulheres (p.12)
“Como as mulheres são lindas!”
14) Mangue ( p.18)
“O