libertinagem
Um mundo que, ao contrário da tradição, não tem uma verdade estabelecida, não é preenchido por Deus, é o mundo da dúvida que começa com Descartes.
Nesse período, a libertinagem surge como um sistema que alimenta questões filosóficas (libertinagem erudita).
O autor em questão é um libertino, defensor da liberdade intelectual e racionalista e, por meio de diálogos filosóficos e a utilização do elemento cômico, confronta os dogmas cristãos de sua época com idéias científicas e filosóficas.
No texto, o personagem principal – ele mesmo – na busca incansável por chegar a lua (pois acreditava ser um mundo, e um mundo melhor que a Terra), constrói aparelhos que o permitem viajar para longe. A princípio, o personagem chega na Nouvelle France e, lá, conhece De Montmagny, que vira seu guia. Em debates filosóficos, o autor critica o geocentrismo e a teoria da Terra plana em prol do Heliocentrismo.
Logo depois, o personagem chega no paraíso terrestre e seu guia Elias debate sobre histórias bíblicas, dessacralizando-as. Nesse momento, o autor, novamente através de debates filosóficos, defende uma natureza sem relação com Deus, é eterna e os homens só compreendem a verdade através dos sentidos. Dialoga com o epicurismo, pregando a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação do medo, com a ausência de sofrimento corporal pelo conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos.
Mais tarde, consegue finalmente chegar a lua, onde se depara com um mundo invertido (os mais novos têm autoridade sobre os mais velhos) e encontra pessoas gananciosas e preconceituosas que o tornam prisioneiro somente por o considerarem inferior (ele tem duas pernas, enquanto todas as criaturas daquele lugar têm 4 pernas). Os habitantes da lua criticam ferrenhamente a tradição aristotélica.