Libertinagem
Manuel Bandeira
01) 02) 03) 04) 05) 06) 07) 08) 09) 10) 11) 12) 13) 14) 15) 16) 17) 18) 19) 20) 21) 22) 23) 24) 25) 26) 27) 28) 29) 30) 31) 32) 33) 34) 35) 36) 37) 38) Não sei dançar O anjo da guarda Mulheres Pensão familiar Camelôs O Cacto Pneumotórax Comentário Musical Poética Chambre vide Bonheur lyrique Porquinho-da-índia Mangue Belém do Pará Evocação do Recife Poema tirado de uma notícia de jornal Teresa Lenda brasileira A Virgem Maria Oração no saco de mangaratiba O Major Cunhantã Oração a Teresinha do menino Jesus Andorinha Profundamente Madrigal tão engraçadinho Noturno da parada amorim Na Boca Macumba do pai Zusé Noturno da Rua da Lapa Cabedelo Irene no céu Palinódia Namorados Vou-me embora pra Pasárgada O impossível carinho Poema de finados O último poema
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NÃO SEI DANÇAR Uns tomam éter, outros cocaína. Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria. Tenho todos os motivos menos um de ser triste. Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria... Abaixo Amiel! E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff. Sim, já perdi pai, mãe, irmãos. Perdi a saúde também. É por isso que eu sinto como ninguém o ritmo do jazz-band. Uns tomam éter, outros cocaína. Eu tomo alegria! Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda. Mistura muito excelente de chás... Esta foi açafata... - Não, foi arrumadeira. E está dançando com o ex- prefeito municipal: Tão Brasil! De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil... Há até a fração incipiente amarela Na figura de um japonês. O japonês também dança maxixe: Acugêlê banzai! A filha do usineiro de Campos Olha com repugnância Pra crioula imoral. No entanto o que faz a indecência da outra É dengue nos olhos maravilhosos da moça. E aquele cair de ombros... Mas ela não sabe... Tão Brasil! Ninguém se lembra de política... Nem dos oito mil quilômetros de costa... O algodão de Seridó é o melhor do mundo?...