Liberdade
"Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele." (Sartre, J. P. O existencialismo é um humanismo. Lisboa, Presença, s/d, p. 226)
Há uma agravante para a solidão de sua liberdade: é na realização da própria vida (existência) concreta, na sua história pessoal, que o homem constrói suas características, sua essência. É também nessa mesma história que cada um de nós as remodela, aperfeiçoa, cria...
Para nosso filósofo, a pessoa não tem nenhuma natureza humana que a revista de determinados valores e deva ser realizada. Não nascemos com uma receita de bolo embutida em nossa personalidade dizendo que ingredientes a compõem.
Sartre diz que, se Adão existisse, não teria uma natureza já dada, com essas ou aquelas características. Se assim fosse, ele não teria nenhuma responsabilidade pelo seu ser. Nem mérito:
"Para nós, pelo contrário, Adão não se define por uma essência, pois a essência é, para a realidade humana, posterior à existência (...). Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo (...)" (Sartre, J. P. O existencialismo é um humanismo. Lisboa, Presença, s/d, p. 214)
Quando se diz que o homem está sujeito a determinismos, significa que se acredita que qualquer força, seja econômica, social, ou biológica, obrigam de tal forma que ele nada pode escolher por si mesmo e com liberdade. No fundo, os defensores do determinismo afirmam que o homem é um prisioneiro de sua herança genética e