liberdade, liberdade
(1965-1966)
Natália Cristina Batista1
A estréia de “Liberdade, liberdade” é realizada no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1965, não coincidentemente no dia da comemoração cívica ao inconfidente
Tiradentes. Em meio ao clima de protesto vivido naquele período, o espetáculo se tornou um verdadeiro hino de resistência contra a ditadura, onde o espetáculo deixa o seu caráter artístico e passa a ser visto também como um ato político. A peça foi percussora do que viria a ser o “teatro de resistência”, tornando-se um claro exemplo de oposição ao regime.
A concepção de “teatro de resistência” com a qual essa proposta se alinha é a de
Guinsburg (2006), que utiliza o termo para tratar das produções teatrais que, durante o regime militar, procuram dar seguimento a uma dramaturgia de motivação social iniciada nos anos cinqüenta.
O texto dramatúrgico possibilitou dar voz aos ideais de seus realizadores, já que tinha com objetivo fazer uma colagem de textos históricos que falassem sobre a liberdade ou demonstrassem períodos onde o homem teve sua liberdade extirpada. Em sua dramaturgia foram utilizados textos de importantes autores da literatura mundial como Shakespeare, Brecht, Beaumarchais, Büchner, Voltaire, entre outros. Além das adaptações de falas de Abraham Lincoln, Sócrates, Jesus Cristo e diversos autores que permitiram agregar elementos a proposta dos idealizadores.
O método de colagem, comum na Europa e EUA, foi então pioneiro no teatro brasileiro. A partir da História da humanidade a peça conseguiu denunciar o momento vivenciado pelo país. Assim seus realizadores defenderam um teatro que se posicionasse diante da realidade e pudesse dar voz a um processo histórico muito particular pelo qual o país passava.
É um exercício de grande complexidade identificar até que ponto a arte pode interferir na realidade. Ainda que essas delimitações não possam ser estabelecidas com
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