Leviatã
“Que a amaldiçoem os que amaldiçoam o dia, os entendidos em conjurar Leviatã!” (Jó 3.8)
“Poderás pescar o Leviatã com anzol e atar-lhe a língua com uma corda? Serás capaz de passar-lhe um junco pelas narinas, ou perfurar-lhe as mandíbulas com um gancho? (...) A tua esperança seria ilusória, pois somente vê-lo atemoriza. Não se torna cruel quando é provocado? Quem lhe resistirá a frente? Quem ousou desafiá-lo e ficou ileso? Ninguém debaixo do céu.” ( Jó 40 25, 25 e Jó 41. 1 – 3).
Suas origens remontam à mitologia fenícia em que simbolizava o caos e possuía a imagem de um crocodilo. Na crença judaica, o Leviatã (também chamado de dragão em Ezequiel 29.3 e de crocodilo em Ezequiel 32.2) simboliza um poder contrário ao de Deus que, segundo o cristianismo, deverá sucumbir no Juízo Final.
Em Jó, mais especificamente no capítulo 41, encontramos uma descrição do Leviatã como um monstro terrível a ponto de “ninguém poder desafiá-lo e ficar ileso”, irresistível e muito poderoso.
No livro “O Leviatã” de Thomas Hobbes, o autor descreve um Estado que deteria consigo todo o poder da sociedade, uma vez que a ele seria transferido o poder de todos os indivíduos com o fim de ser-lhes garantida a paz e a defesa comum. A partir de então, todos lhe tornam súditos e ele o soberano, representante da vontade do povo, detentor da autoridade delegada pelos homens.
Sendo assim, vê-se um paralelo claramente traçado pelo autor e a figura bíblica do Leviatã. O Estado seria, então, um poder irresistível, mas com o fim de salvaguardar os interesses da população que se submete a ele.