Letras
“desenvolve suas próprias formas de ser religioso, das quais as categorias clássicas não conseguem dar conta. Nem as categorias de integração a uma igreja ou religião, nem as categorias de crítica moderna à religião são adequadas para apreender esse processo de fusão” (SILVA, p. 2).
Nesse sentido, nas obras em questão, não há um apagamento de Deus, mas seu preenchimento conforme a ideologia de cada autor. Eça e Junqueiro partem do texto bíblico, contudo suas produções literárias se distinguem da religiosa sem, portanto, apagar a existência de Deus. Eis aqui a questão primordial de nosso trabalho: se, como fora dito, os escritos literários de Eça e Junqueiro se enquadram ma perspectiva Téo – poética, com eles trazem a figura divina em suas obras? Até que ponto um e outro textos se aproximam ou se afastam do texto genesíaco? Em face de tais questionamentos, mostraremos alguns pontos convergentes e alguns divergentes dessas obras entre si e suas intersecções com o texto bíblico, tanto para negá – lo quanto para ratificá – lo. Em nossa concepção, o denominador comum entre ambas as obras é o fato de apresentarem todos os elementos contidos no hipertexto: Deus, o Paraíso, Adão, Eva e a serpente. Desse modo podemos dizer que, ao mesmo tempo em que os contos em análise aproximam – se entre si, dialogam com o texto – base, resgatando todos os seus elementos. Todavia, é preciso admitir que a narrativa de cada obra se dá sob perspectivas diferentes. Neste sentido, em maior ou menor medida, afastam-se do mito e, principalmente entre si. Em praticamente todo o conto eciano não se tem a presença de Deus de maneira concreta.