Letras
Ubirajara
O Ubirajara trata-se da época imediatamente anterior à chegada dos portugueses no Brasil. O projeto inicial era reconstruir a cultura brasileira. Mas a contradição é que os dois elementos (os índios e o projeto de reconstrução) não podem reconstruir a cultura sozinha, porque a sociedade brasileira não é construída só por índios e em “Ubirajara” só há índios (não há mulatos, negros e brancos, que constroem a sociedade brasileira). Alencar, com essa romance que trata do início da civilização brasileira, afirma que neste início o conflito era inevitável. Mas, além do conflito há a mistura, a miscigenação, que resolve o conflito, como ocorre no final entre os Araguaias e Tocantins. De acordo com Roberto da Mata, vivemos em uma sociedade que busca mediações para evita-los. Como exemplo, temos o termo “pardo” (não indicando nada exatamente, nem preto, nem branco). O romance possui uma ideia central que é a identidade, mas não está ligada a lógica do “ser”, e sim a do “tornar-se”. O personagem principal, no início do romance chama-se Jaguarê, que significa “jovem caçador” e “jaguar feroz” em tupi. A língua alencariana tupinizava o português. Jaguarê desejava se tornar um grande guerreiro e para isso precisava de uma grande façanha. O seu feito ocorre quando consegue derrotar Pojucã (matador de gente), o mais importante guerreiro da tribo dos Tocantins, que era inimiga da tribo dos Araguaias, a qual Jaguarê pertencia. Há no romance um destaque na mudança de identidade, que pode ser vista também como um rito de passagem. O rito de passagem de Jaguarê para tornar-se Ubirajara foi derrotar Pojucã. Esse rito marca o momento em que é aceita a inserção do indivíduo em outro âmbito da sociedade, dá início a um novo período. Ubirajara é a narrativa de uma identidade que é uma contínua transformação. Ele estará durante todo o romance insatisfeito, por estar sempre querendo “tornar-se” algo.
As desavenças entre