Letras
Lídia Morais Melo
Taiza Soares Cavalcante O texto agora elaborado é uma síntese analítica sobre o livro Os guarda-chuvas cintilantes de Teolinda Gersão. Trata – de histórias fragmentadas narradas sob a ótica de um personagem-narrador, seus temas são variados e, por vezes, carregados de reflexões e/ ou valores morais. Tal característica evidencia o dinamismo presente na narrativa e no discurso, o que proporciona leveza e jovialidade à obra. A ruptura com o método tradicional de narração é uma característica marcante na abordagem dos diferentes assuntos abordados, pois há uma variação natural na entonação e no ritmo da narrativa, cujo resultado é a alternância da evolução do texto como revela o fragmento abaixo: A pequena escrita cotidiana, deixar um risco no tempo, um traço na areia, para provar que estou viva – segunda, terça, quinta, dois, cinco, sete, vinte e quatro, essa obrigação, ou evasão, minuciosa, essa contabilidade estática, passiva, aplicada, metódica, monótona, escolar – oh céus, tive sempre tão pouco a ver com isso, errei sempre na vida as contas todas – mas de onde vem esta íntima convicção de acertar, apesar de tudo, o problema? (p. 23)
Dessa forma, a estrutura textual ganha propositalmente o aspecto de desorganização, fato que evidencia a intenção da autora em romper com o tradicionalismo presente na maioria das histórias. Outro fato que confirma essa tendência é a materialidade do espaço, diversas vezes revezado entre acontecimentos reais e fantasiosos, neste sentido, o contexto apresenta uma dualidade de representações em virtude da multiplicidade de registros. Logo a linguagem surrealista dos textos apresentados na obra revela uma crítica social implícita no discurso erroneamente apontado como abstrato, afinal, mediante o relato de episódios cotidianos percebe – se a preocupação em transmitir valores e transformar realidades.