Leitura visual segundo as leis da gestalt
Vik Muniz (Brasil, 1961)
Saturno devorando seu filho, 1819-23
Francisco Goya, (Espanha, 1746-1828)
Óleo sobre tela, 146 × 83 cm
Museu do Prado, Madri
Leitura visual da obra Saturno devorando seu filho, por Vik Muniz
Inspirado numa cena das “pinturas negras” de Goya, onde Saturno, o rei dos Titãs, foi avisado através de uma profecia que um dos seus filhos iria destroná-lo. Aterrorizado, ele devorou uma a uma das quase doze crianças que teve e não deixou espaço para a próxima geração, permanecendo no poder. Vik Muniz fez uma releitura desta famosa pintura utilizando lixo. Ele quis nos mostrar como agimos à semelhança de Saturno, sem nos preocupar com a destruição do mundo através do excesso da produção de detritos que devoram nosso espaço vital. A sociedade atual está indiferente ao mundo que vai deixar para as próximas gerações. Para as pessoas que conhecem esta obra de Goya, a imagem de Saturno devorando seu filho possui médio índice de pregnância da forma, pois a leitura da composição, apesar da desarmonia representada pela sucata não apresenta maiores dificuldades para sua compreensão imediata. A pintura em questão segrega-se em três unidades principais: o fundo, Saturno e seu filho. O fundo, por sua vez, segrega-se em várias sub-unidades compostas por lixo. Estas, possuem fraca unificação com o rei dos Titãs e seu filho sendo devorado. A imagem de Saturno e seu filho nos dá a sensação de fechamento visual da forma pela continuidade numa ordem estrutural definida. A proximidade e semelhança são reforçadas pela cor preta usada no contorno das imagens supracitadas. Estes fatores promovem a unificação do todo, no sentido da harmonia, ordem e equilíbrio visual. Entretanto, ao analisarmos o fundo, representado pela sucata, os elementos não possuem um bom fechamento e consequentemente a continuidade também é prejudicada, uma vez que, o excesso de material utilizado com diferentes