LEITURA CRÍTICA
Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa, dito O), escultor e arquiteto brasileiro (Ouro Preto MG c. 1730 id. 1814). Filho natural do mestre de obras português Manuel Francisco Lisboa, então considerado o primeiro arquiteto da província.
Formação artística e técnica no canteiro das obras do pai; aprendizado com o abridor de cunhos João Gomes Batista e provavelmente com José Coelho de Noronha, que se distinguia nas obras de escultura e talha em igrejas mineiras.
Na madureza, começou a sofrer de uma enfermidade que, aos poucos, o foi inutilizando e deformando, e cuja natureza é ainda objeto de controvérsias entre os especialistas, havendo quem diga tratar-se de tromboangeite obliterante (ulceração gangrenosa das mãos e dos pés). Tendo perdido os artelhos, o Aleijadinho passou a ser carregado, só conseguindo andar de joelhos com dispositivos de couro confeccionados sob sua orientação; com os dedos das mãos perdidos, uns, e quase sem movimento, os outros, mandava que lhe amarrassem diariamente às mãos o martelo e o cinzel, para poder esculpir.
A obra de Aleijadinho pode ser dividida em duas fases, antes e depois de atacá-lo a terrível doença: na fase sã, a deformação das imagens é de caráter plástico, predominando em suas composições o equilíbrio, serenidade e magistral clareza, ao passo que, na Segunda fase (Congonhas), as deformações e toda a obra assumem um caráter expressionista. Consta que, nessa última fase, Antônio Francisco Lisboa segregou-se da sociedade, mantendo-se em contato com apenas dois escravos e ajudantes; só andava na rua alta horas da noite ou da madrugada, montado a cavalo, coberto com ampla capa e chapéu desabado. Durante o trabalho, fazia-se ocultar por uma tenda, não permitindo a aproximação de estranhos.
Em 1800, firmou Antônio Francisco Lisboa o contrato para execução de Os doze profetas do adro da igreja de Bom Jesus de Matosinhos, depois de haver realizado em cedro as sessenta e