Legado gráfico do futurismo

2644 palavras 11 páginas
Pode-se Aproveitar o Legado Gráfico do Futurismo Italiano, Esquecendo as suas Conotações Políticas?
Laura Ferrari Rodrigues de Pina

De modo a melhor responder a este problema, tentarei dividir a questão das conotações políticas do futurismo em duas: o fascismo; e a política intrínseca ao próprio movimento. Tendo em conta a complexidade de ambas, penso que só então fará sentido falar em legado gráfico futurista e na sua continuidade ou não no tempo, algo acerca do qual me parece prematuro opinar. Assim, e em primeiro lugar, ao colocar a possibilidade de retirar conotações políticas ao Futurismo, o problema parece confuso, isto porque, citando Richard Humphreys, o Futurismo “era uma filosofia de vida altamente politizada”1. Essa politização está intrinsecamente relacionada com o próprio contexto político que o futurismo tem como pano de fundo, a formação ainda recente da Itália como nação e as discrepâncias económicas daí resultantes que culminam em descontentamento político e no aparecimento de cada vez mais partidos de oposição radicais: socialistas, sindicalistas, anarquistas e nacionalistas. Citando o escritor Giovanni Amendola, numa crítica de 1910 ao dirigente Giovanni Giolitti, “Repulsa e pena enchem-nos quando olhamos para trás, para as últimas décadas de vida política e administrativa no nosso reino, e vemos que esta foi marcada por deficiência moral e pobreza intelectual da classe dirigente.”2. Deste modo, é apenas lógico que o futurismo italiano herde do seu tempo não só o entusiasmo pela máquina e pela era industrial europeu, mas também as preocupações e reacções políticas exclusivamente italianas. Estas estão bastante presentes no Manifesto de Marinetti de 1909, o primeiro, e em todos os seguintes, tal como estão no livro Futurismo do italiano, onde, entre ataques directos aos passadistas venezianos, grandes inimigos do Movimento, Marinetti desenvolve temas como O Desprezo pela Mulher, O Homem Multiplicado e A Guerra, a Única Higiene do Mundo, talvez

Relacionados

  • Velho futurismo: a vanguarda que, há mais de cem anos, pariu a pós-modernidade.
    1255 palavras | 6 páginas
  • capas abnt
    1478 palavras | 6 páginas
  • Trabalho de Portugu s
    1545 palavras | 7 páginas
  • Trabalho de artes
    2104 palavras | 9 páginas
  • 004814701937
    628 palavras | 3 páginas
  • Vanguarda europeia e brasileira
    2629 palavras | 11 páginas
  • Brasil 2014
    3541 palavras | 15 páginas
  • Vieira
    955 palavras | 4 páginas
  • Resumo richard hollis
    10715 palavras | 43 páginas
  • Artes
    2415 palavras | 10 páginas