Velho futurismo: a vanguarda que, há mais de cem anos, pariu a pós-modernidade.
O termo hoje parece antiquado e até desnecessário: Futurismo. Mas, há mais de cem anos traduziu perfeitamente o desejo de um grupo de artistas de romper com os padrões tradicionais da arte burguesa e inaugurar com urgência a modernidade. Do dadaísmo à sopa de letrinhas pós-moderna, passando pela Pop Art dos anos 1950 e 1960 e o Punk dos anos 1970, a postura contestadora, provocativa e chocante do movimento futurista foi herdada por diversos movimentos artísticos posteriores. Algumas de suas idéias foram assimiladas, inclusive, pelos artistas brasileiros destacados na Semana de Arte Moderna de 1922. Como primeira vanguarda artística a sacudir o stablishment cultural do ocidente, na primeira década do século XX, o Futurismo foi desafiador e polêmico. Segundo a professora de literatura da Universidade do Sul da Califórnia, Karen Pinkus, “de muitas maneiras, o futurismo italiano poderia ser considerado um precursor do punk. Os futuristas, liderados por Filippo Tomasso Marinetti, eram membros da burguesia italiana; Punks eram da classe trabalhadora, mas ambos os movimentos partilhavam um desdém pela alta cultura, pela arte boêmia / hippie individualista, e pela letargia ou nostalgia”. De fato, as performances artísticas (ou happenings) dos poetas futuristas eram tumultuadas como um show punk: objetos atirados na platéia, aparições da polícia, provocações verbais... Movimento de origem literária (seu primeiro manifesto, escrito por Marinetti, se intitulava “Liberdade para as Palavras” e foi maliciosamente publicado no Le Figaro, jornal mais respeitado pela intelectualidade européia), o futurismo se expande com a adesão de um grupo de artistas reunidos em torno do Manifesto dos Pintores Futuristas e do Manifesto Técnico dos Pintores Futuristas (1910). A partir de então, projeta-se como um movimento artístico mais amplo, que defende a