Le Goff Memória
Segundo Jacques Le Goff, a memória é a propriedade de conservar certas informações, a memória social é um dos meios fundamentais para se abordar os problemas do tempo e da História. A memória está nos próprios alicerces da História, confundindo-se com o documento, com o monumento e com a oralidade. Só no fim da década de 1970 que os historiadores da Nova História começaram a trabalhar com a memória. Freud distinguiu a memória de um simples repositório de lembranças: para ele, nossa mente não é um museu.
Nesse aspecto, ele remete a Platão, que já na Antiguidade apresentava a memória como um bloco de cera, onde nossas lembranças são impressas. E enquanto a História representa fatos distantes, a memória age sobre o que foi vivido. Nesse sentido, não seria possível trabalharmos a memória como documento histórico. Essa posição hoje é muito contestada. Antonio Montenegro, considera que apesar de haver uma distinção entre memória e História, essas são inseparáveis, pois se a História é uma construção que resgata o passado do ponto de vista social, é também um processo que encontra paralelos em cada indivíduo por meio da memória.
Mas a memória não é apenas individual, mas o maior interesse para o historiador é a memória coletiva. O estudo histórico da memória coletiva começou a se desenvolver com a investigação oral. A memória coletiva fundamenta a própria identidade do grupo ou comunidade, mas normalmente tende a se apegar a um acontecimento considerado fundador, simplificando todo o restante do passado. Assim, a memória coletiva reelabora constantemente os fatos. Outra distinção entre História e memória está no fato de a História trabalhar com o acontecimento colocado para e pela sociedade, enquanto para a memória o principal é a reação que o fato causa no indivíduo. A memória recupera o que está submerso, seja do indivíduo, seja do grupo, e a História trabalha com o que a sociedade trouxe a público. Para Jacques Le Goff é