Lamas
Lamas inicia o livro dizendo que o desenho urbano exige um domínio profundo de duas áreas de conhecimento: o processo de formação da cidade e a reflexão sobre a forma urbana. E sem esse conhecimento da morfologia urbana e da história da forma urbana, estamos arriscando a desenhar a cidade sem conteúdo disciplinar. Hoje, desenhar a cidade e nela intervir é também compreender e conhecer a cidade antiga e a cidade moderna, as suas morfologias e processos de formação.
A morfologia urbana supõe a convergência e a utilização de dados recolhidos por áreas disciplinares diferentes (economia, sociologia, história, geografia, etc.) a fim de explicar a cidade como fenômeno físico e construído para a total compreensão da forma urbana e do seu processo de formação, ou seja, o estudo da forma e do meio urbano. Um estudo da morfologia urbana ocupa-se da divisão do meio urbano em partes e da articulação destes entre si. Um estudo morfológico deve tomar em consideração os níveis ou momentos de produção do espaço urbano, deve também identificar os níveis de produção da forma urbana.
O conhecimento de “forma” aplica-se a todo espaço construído em que o homem introduziu a sua ordem e refere-se ao meio urbano, o objeto final da concepção é a forma. A noção de forma urbana para o meio urbano é a arquitetura, ou seja, um conjunto de objetos arquitetônicos ligados entre si por relações espaciais. A forma da cidade equivale á maneira como se organiza e se articula a sua arquitetura, porque é através da cidade que melhor se pode definir e caracterizar o espaço urbano. Portanto a forma urbana é o modo como se organizam os elementos morfológicos que constituem e definem o espaço urbano, relativamente aos aspectos de organização funcional (o uso que é destinado e uso que dele se faz), quantitativos (organização quantitativa como densidades, fluxos), qualitativos (conforto e comodidade) e aspectos figurativos