Laban, ou a experiência da dança
Ele abordava por volta de seus 20 anos, uma pratica chamada de “dança moderna”, sem jamais ter aprendido a dançar em uma escola, e sem pensar que ele trabalhava no desenvolvimento de uma arte, ele preocupava-se somente com uma coisa: a importância do movimento e sua influencia sobre a qualidade da vida cotidiana.
Ele realizava “experiências de dança”.
Essa experiência é substituída doravante por uma experiência pobre, “experiência defunta”. Laban constata a impotência do homem moderno em se mover; a acumulação de seus movimentos é a acumulação do cansaço. O corpo mortificado do homem urbano como o corpo do soldado nas trincheiras são pobres em experiência comunicável.
Ela lhe pesa porque ele não a incorporou em sim. Somente uma matéria morta pode se agitar, ser remexida. O corpo reativo age, de agora em diante, sob o modo do reflexo, do “tranco”, sempre recomeçando do zero, subtraído da memória.
A experiência “defunta” é uma experiência morta para a arte, e sua descoberta foi dolorosa.
Para poder dançar, Laban tenta fundar, a partir da pobreza da experiência “defunta”, uma experiência do movimento. Essa experiência existiria de alguma maneira, apesar de tudo, no centro mesmo de sua possibilidade.
Para comandar a sua marionete, o maquinista é obrigado a pegar o centro original do movimento, situado, por exemplo, no cotovelo, no pé ou no quadril. A relação que une o marionetista à sua marionete poderia constituir um modelo para o dançarino.
A coreografia “A Noite” (1927) se abre com uma “multidão”. Dessa multidão surge uma “dança dos eternos apressados”, como se os corpos-marionetes estivessem assombrados pelo corpo-fantasma do marionetista. Labam, nessa coreografia, põe em dança um movimento morto.
Na experiência da região do silêncio, o dançarino improvisa com uma corporeidade em estado de sonhar acordado. [...]. É ai,