KANT
Uma História da Filosofia Ocidental
De D. W. Hamlyn
Jorge Zahar Editor
Tradução de Ruy Jungmann
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KANT
Immanuel Kant (1724-1804) foi o grande gigante da filosofia do século XVIII e, defensavelmente, da filosofia em geral. A despeito disso, sua vida foi quase banal. Nasceu em Königsberg, na Prússia, onde seu pai era seleiro. Depois de cursar o que foi, na verdade, apenas uma escola primária, conseguiu finalmente matricular-se na universidade de sua cidade natal. Depois de um período como Privatdozent, durante o qual viveu em extrema pobreza, tornou-se professor de lógica e metafísica na universidade, ocupando essa cátedra até três anos antes de sua morte. Continuou solteirão, embora se diga que gostava de companhia, especialmente de mulheres bonitas e educadas. Conta-se que ele foi um conferencista interessante, embora ninguém pudesse adivinhar isso à vista de seus trabalhos publicados, que são difíceis e secos, tanto em estilo como em conteúdo. Ele dava passeios diários regulares, e isso com tal precisão que as pessoas podiam saber qual era a hora do dia apenas vendo-o passar. Durante toda sua vida, raramente saiu de Königsberg. É difícil concluir que moral tirar de tudo isso, embora, por consentimento geral, a grandeza de Kant como filósofo supere tudo isso.
Escreveu certo número de obras menores no início de sua carreira, que vieram a ser conhecidas como escritos pré-Crítica. Em seguida, após um período de silêncio, publicou em 1781 sua Crítica da razão pura, uma segunda edição da qual, com substanciais revisões, veio à luz em 1787. A Crítica da razão pura foi a primeira de três Críticas, sendo a segunda a Crítica da razão prática (1788), que trata da ética. Ele publicara antes, em 1785, o Fundamentos da metafísica da moral, uma obra muito mais curta, que recebeu muito mais atenção do que a segunda Crítica. A terceira Crítica – a Crítica do juízo – surgiu em 1790 e concentrava-se em grande parte na estética,