Juventude
Até Amanhã
Sei agora como nasceu a alegria, como nasce o vento entre barcos de papel, como nasce a água ou o amor quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma à roda do corpo que desperta, sílaba espessa, beijo acumulado, amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito, um grito apertado nos dentes, galope de cavalos num horizonte onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou para que tu as ames comigo: a juventude, o vento e as areias.
Eugênio de Andrade: O poeta nasceu na Freguesia de Póvoa de Atalaia, com a mãe, que entretanto se separa do pai em Lisboa. Frequentou o Liceu Passos Manoel e a escola Técnica Machado de Castro tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936.
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“ Lembras-te Carlos, quando, ao fim do dia,
Felizes, ambos, íamos nadar
E em nossa boca a espuma persistia
Em dar ao Sol o nome do Luar ?
Tudo era fácil, melodioso e longo,
Aqui e além, um súbito ditongo
Escoava em nós certa canção pagã.
Contudo o azul continuava a ser o mundo Banhado pela aragem da manhã!...”
Pedro Homem de Mello: Estudou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, acabando por se licenciar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1926.
A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa.
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante;
Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
Trago-a em mim vermelha, triunfante!
No meu sangue rubis