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As distorções do jornalismo político em período eleitoral
Por Carlos Castilho em 24/02/2014
Muitos podem ainda não ter percebido, mas já estamos em campanha eleitoral para a sucessão presidencial no segundo semestre. Tudo o que é feito em Brasília e nas principais capitais do país está orientado por estratégias partidárias de comunicação cuja única meta é criar contextos informativos favoráveis aos respectivos presidenciáveis.
Este é o universo onde atuam os jornalistas que cobrem temas políticos e cuja função sofreu uma mudança radical em consequência da profissionalização da política, um eufemismo para expressar a transformação da política num negócio rentável. A distorção do papel da política na sociedade não é responsabilidade dos jornalistas, mas sim a forma como o processo é apresentado ao público.
O chamado jornalismo político transformou o leitor, ouvinte, telespectador ou internauta numa espécie de cobaia para os políticos, conforme assinala o professor de jornalismo da Universidade Municipal de Nova York (CUNY) Jay Rosen, no seu blog PressThink. A política deixou de ser tratada como notícia de interesse do eleitor para se tornar uma peça publicitária dos candidatos.
A concorrência entre veículos de comunicação e o desejo dos candidatos de manipular o noticiário acabaram fazendo com que o jornalismo político se transformasse num jogo de especialistas, voltado para detalhes das estratégias eleitorais. Neste xadrez sutil onde é quase impossível identificar os objetivos reais, os jornalistas políticos viraram uma casta de detentores de informações confidenciais (insiders).
Isso lhes deu um papel estratégico na cobertura eleitoral, numa função que o sociólogo Max Weber, o pai da moderna ciência política, definiu como viver “da” política em vez de “para”. Em vez de produzir informações para que as pessoas possam tomar decisões de acordo com seus interesses e necessidades, o jornalismo político transformou a atividade