John thornton a áfrica e os africanos na formação do mundo atlântico (1400-1800)
A ÁFRICA E OS AFRICANOS NA FORMAÇÃO DO MUNDO ATLÂNTICO
(1400-1800)
CAPÍTULO 1: O nascimento do mundo atlântico
O objetivo principal de John Thornton é analisar o papel da África na formação do mundo atlântico.
A configuração da região do Atlântico
John Thornton inicia sua análise afirmando que as navegações européias no Atlântico, durante o século XV, iniciaram um novo e inaudito capítulo na história da humanidade. O primeiro ponto que o autor enfoca é que a navegação européia, além de facilitar e intensificar as relações entre as diversas regiões da Europa e da África ocidental, também iniciou conexões entre o Velho Mundo e os dois novos mundos descobertos – as duas Américas e a região centro-oeste da África. Nesse sentido, Thornton recorre ao argumento do historiador Pierre Chaunu para demonstrar que a mais importante conseqüência da navegação européia talvez tenha sido o que Chaunu chama de “desencrave” – o fim do isolamento em algumas áreas e o aumento de contatos intersociais em muitos locais. Para Thornton, no Atlântico, o desencrave teria tido um significado muito mais profundo do que em qualquer outro lugar do mundo, pois não só fomentou a comunicação pondo fim ao isolamento como reconfigurou um conjunto de sociedades, propiciando a própria criação de um Novo Mundo[1]. Em um tempo em que as viagens marítimas eram muito mais baratas e práticas, pois realizavam os percursos em um tempo médio até que razoável carregando mercadorias volumosas e pesadas, a rota do Atlântico, consolidada nos fins do século XV e inicio do XVI, além de servir a estes propósitos, também se conectava as rotas fluviais tanto na África quanto nas Américas, constituindo, desse modo, um complemento vital para o oceano, onde os rios reuniriam sociedades que se situavam a quilômetros do contato com o mar. É desse modo que Thornton afirma que a configuração da zona atlântica definiu-se a partir da combinação de rotas marítimas e fluviais[2]. No entanto, a