A África e os africanos na formação do mundo atlantico
Coordenação editorial M a r y dei Priore; Revisão técnica,
Márcio Scalercio. Rio de Janeiro, Editora Campus / Elsivier,
2004, 436 páginas. XVIII
M A R I A CRISTINA CORTEZ WISSENBACH
Professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo.
^ v ^ r n a das principais lições da exposição sobre a arte africana realizada no ano passado, que apresentou ao público brasileiro uma parte do acervo do Museu Etnológico de Berlim, f o i a de mostrar que a África subsaariana, região de profundas ligações c o m o Brasil e de onde vieram muitos de nossos ancestrais, era formada p o r sociedades com u m alto nível tecnológico e artístico. Isso f o i revelado quando se deparava, c o m certa dose de emoção, com as esculturas em bronze, latão e mesmo terracota, produzidas nos reinos dos lundas, em Ifé, n o Benin e nos Camarões, entre os séculos X I I I e
X I X , o u quando se observava os registros históricos feitos na perspectiva dos africanos sobre os primeiros tempos de contato, deixados nas placas que revestiam o palácio do Benin e nas quais estavam reproduzidas as imagens dos portugueses recém-chegados.
O mérito da obra de John K . T h o r n t o n , A África e os africanos naformação do mundo atlântico (1400-1800) —cuja tradução há m u i t o aguardada f o i , sem dúvida, bem vinda— é o de tratar de maneira eqüitativa os mundos que se e n c o n t r a m a p a r t i r da expansão marítima ibérica, nos inícios da modernidade. Referência obrigatória para os estudos sobre as relações entre a América, a Europa e a África pré-colonial, as teses de T h o r n t o n contribu-
TEXTOS DE HISTÓRIA, vol. 12, n° 1/2, 2004
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MARIA CRISTINA CORTEZ WISSENBACH
em para que seja ampliado o entendimento do papel das sociedades africanas na formação do complexo intercontinental atlântico.
E tema que nos interessa de maneira particular.