John rawls - uma teoria da justiça - cap. i
O objetivo do autor no livro estudado é o de elaborar uma teoria da justiça. A justiça é a primeira virtude das instituições sociais. Isto significa que nenhuma lei ou instituição pode ser aceita se ela não for justa. Dessa forma, nem mesmo o bem estar da sociedade como um todo poderia justificar a violação da liberdade do indivíduo, vez que as liberdades da cidadania devem ser para todos e não apenas para uma maioria. Pretende o autor investigar se nossa crença intuitiva na primazia da justiça é bem fundamentada.
Há um conflito inerente às sociedades: de um lado, todos querem o bem comum; por outro lado, cada um quer ter uma porção maior deste “bem comum”. E é daí que nasce a necessidade por princípios: para definir como as vantagens/direitos e os encargos/deveres serão distribuídos entre as pessoas. Assim a sociedade é bem ordenada quando todos os seus membros aceitam o princípio escolhido, sabem que os demais também o aceitam e as instituições sociais satisfazem tais princípios, entendo-se princípios como sendo a concepção de justiça. Dificilmente este consenso existe numa sociedade real. Nossa intuição é de que a estrutura básica da sociedade já condiciona os homens desde o princípio, desde seu nascimento, a ter certas expectativas individuais, por conta de suas posições sociais.
Há identificação entre o conceito de justiça do autor e o de Aristóteles. Para este, a justiça é evitar a pleonexia, que são as situações nas quais alguém consegue uma vantagem tomando a da pessoa a quem ela pertence. O que falta à teoria de Aristóteles é uma explicação sobre como definir o que pertence a cada pessoa e o que lhe é devido. Portanto, quer o autor encontrar a solução para esta lacuna.
Ele parte assim da ideia de um consenso original, nos termos do contrato social de Kant, Locke e Rousseau, no qual seriam acordados os princípios de justiça estruturadores da sociedade. Este consenso deve surgir numa situação inicial de