JESSÉ SOUZA
O autor começa o primeiro capítulo afirmando que o “mito nacional” representa um modo moderno para a construção de um senso de “solidariedade coletiva”: a ideia do povo brasileiro se identificar como povo da “emocionalidade” e da “espontaneidade” representa um sentimento de formação de uma unidade de que todos estamos no mesmo barco. Para Jessé, a construção do mito foi eficiente, já que ‘está em todas as células dos brasileiros. Ela é uma verdadeira cegueira (por meio da qual) nós possamos nos perceber e nos auto-criticar”. A partir da explicação do auto, podemos observar que a construção dessa “identidade” (pertencimento coletivo) é uma característica essencial para a existência de uma nação moderna. Porém, existe a argumentação de que falta um sentimento de unidade e destino comum, apresentando-se como responsável pelas guerras civis que destroem algumas nações, por exemplo, o que ocorre na África.
A partir desses exemplos citados por Jessé, podemos ver que a confecção de ‘pertencimento coletivo’ (a construção de uma identidade coletiva), são necessariamente processo de aprendizado coletivo, que nesse processo de aprendizado moral, representa a consideração de interesses e valores que ultrapassam a esfera individual. Por isso, podemos afirmar que ser um cidadão propõe que o nosso pertencimento coletivo não se basta por laços consanguíneos, localidade ou vizinhança (laços restritivos), mas sim por sentimento de uma comunidade maior.
Depois de tratar a identidade nacional como um tipo de “mito moderno”, o autor diz que a ideia de mito deve ser entendida com uma soma de entendimento e de concepções que possibilitam interpretas o sentido e a particularidade de determinada experiência coletiva. Assim, é nesse sentido moral que se torna possível solidificar relações de identificação social e pertencimento coletivo, para sustentar laços efetivos de solidariedade entre os membros da sociedade, que o mito trata.