Isquemia Intestinal
Marcelo Rodrigo Souza-Moraes
José Carlos Costa Baptista-Silva
Dor abdominal aguda ou crônica pode ser conseqüente a inúmeras causas. Algumas são secundárias a processos relativamente benignos, outras se não reconhecidas e tratadas prontamente representam verdadeira ameaça à vida. Entre as várias possibilidades, precisamos ficar atentos aos quadros de isquemia intestinal. A variabilidade dos vasos envolvidos, a extensão do órgão acometida e os diferentes níveis de comprometimento do tecido resultam em uma infinidade de apresentações clínicas. Tanto a indicação dos exames diagnósticos quanto a terapia definitiva representa um dilema frente a um doente que, quando não em condições críticas, apresenta-se debilitado pela própria doença ou pelos processos mórbidos freqüentemente associados.
Esta revisão tem por objetivo ajudar o profissional médico a entender os detalhes da doença e administrar a difícil tarefa de conduzir casos de isquemia intestinal crônica ou aguda.
CRÔNICA.
Definição:
Alteração da perfusão que ocasiona uma inadequada oferta de sangue necessário aos tecidos intestinais do local acometido para manter seu metabolismo durante a fase de hiperemia fisiológica (pós-prandial).
Etiologia:
A presença de aterosclerose nas artérias viscerais é bastante freqüente, mas a isquemia crônica ou angina abdominal é rara, apesar da primeira ser a principal causa da subseqüente 1. Geralmente a região ostial das artérias axiais (tronco celíaco, artérias mesentérica superior e inferior) é a mais comprometida. Outras causas possíveis porem bem menos freqüentes são: neurofibromatose, dissecção aórtica, hiperplasia fibromuscular, tromboangeíte obliterante, arterite actínica (secundária a radiação), artrite reumatóide, lupus eritematoso sistêmico, poliarterite nodosa, envenenamento por
Ergot e seus derivados, abuso de drogas, em especial cocaína e compressão do tronco celíaco pelo ligamento arqueado do diafragma 2.