Complicações do aparelho digestivo no pós-operatório de cirurgia cardíaca Cinara Martins de Oliveira, Gustavo Basso, José Neto de Andrade.
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Complicações do aparelho digestivo no pós-operatório de cirurgia cardíacaCinara Martins de Oliveira, Gustavo Basso, José Neto de Andrade.
A cirurgia cardíaca é uma operação de grande porte, e por isso está sujeita a numerosas alterações do aparelho digestivo no período pós-operatório imediato e recente. As taxas de complicações gastrointestinais não mudaram ao longo dos anos, apesar das melhorias nos cuidados intensivos2. Segundo a literatura, há fatores preditivos para as complicações gastrointestinais após cirurgias cardíacas, que são: antecedentes de acidentes cérebro-vasculares (AVC), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), anticoagulação, fibrilação atrial (FA), infarto agudo do miocárdio prévio (IAM), hipertensão arterial sistêmica (HAS) e necessidade do uso de balão intra-aórtico (BIA)3, insuficiência renal (IR) ventilação mecânica prolongada, cirurgia valvar, infecção esternal, comorbidades como insuficiência renal crônica e doença vascular periférica e idade avançada2. As complicações gastrointestinais mais freqüentes associadas à cirurgia cardíaca são do tipo hemorrágico (30%), abdome inflamatório (30%), abdome obstrutivo (2%), patologias gástricas e funcionais (27%) além do tipo mais grave que é o abdome agudo vascular (11%)2 . Tais complicações são cerca de seis vezes mais incidentes neste grupo de pacientes, variando de 0,53%3 até 3,7% 4. Essas complicações ocorrem em função da hipoperfusão esplâncnica, que levam ao sofrimento vascular dos órgãos digestivos, hipo-motilidade e hipóxia, que causam as disfunções de motilidade e sofrimento dos órgãos, além da necessidade comum de anticoagulação, que favorecem as hemorrragias digestivas2. No Brasil, no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, a média de cirurgias cardíacas nos últimos 2 anos foi de 7800 cirurgias/ano, o que faz com que o percentual relativamente baixo de complicações se torne um número considerável em valores absolutos, girando em torno de 37 pacientes, podendo