Inventario Das Acoes Motoras
Introdução
O desenvolvimento humano compreende um conjunto de mudanças que possibilita ao indivívuo interagir de forma competente com os meios físico e social. Não é raro encontrar-se concepções em que o desenvolvimento é visto como sendo causado apenas por fontes endógenas, como é o caso da hipótese maturacional, enquanto à experiência é atribuído um papel secundário (MANOEL, 1998). Entretanto, a partir de uma visão sistêmica (por exemplo,
BERTALANFFY, 1977; MANOEL, 1989; THELEN, 1989) a maturação e a experiência, o interno e o externo, a natureza e a cultura, deixam de ser tratados como elementos estanques, como se fossem de diferentes mundos, que num dado momento interagem. Pelo contrário, eles são elementos do mesmo sistema em desenvolvimento, influenciando uns aos outros de forma recíproca (CONNOLLY, 1986; GOTTLIEB, 1992; OYAMA, 2000). O desenvolvimento só pode acontecer dentro de um contexto onde cada indivíduo constrói sua experiência em sintonia com os meios físico e social. O desenvolvimento motor, em particular, não envolve mudanças apenas em movimentos, mas também em ações que são construídas a partir da intencionalidade de quem as executa e da intencionalidade de quem as demanda (VALSINER,
1997). Assim, uma questão sempre atual diz respeito ao papel do ambiente e da experiência no desenvolvimento.
Um dos aspectos da investigação da experiência está relacionado à metodologia, isto é ao desenvolvimento do método. Os estudos de desenvolvimento motor, tradicionalmente, utilizaram técnicas de descrição detalhada, desde observações diretas do comportamento até o registro cinemático dos movimentos. É comum levar crianças ao laboratório para realizar determinadas atividades como por exemplo, arremessar uma bola o mais longe possível, ou a saltar o mais longe possível. Do universo das ações que a criança realiza, os estudos selecionaram determinadas condições sem a preocupação de verificar se elas fazem parte do cotidiano da criança. Dessa forma, pouco se