introdução a neill
I
Durante o século dezoito as idéias de liberdade, democracia e autodeterminação foram proclamadas por pensadores pro gressistas, e, à altura da primeira metade do século vinte, tais idéias surgiram com proveito no campo da educação. O prin cípio básico de tal autodeterminação era a substituição da autoridade pela liberdade, ensinando-se a criança sem uso da força, e sim através do apêlo à sua curiosidade e às suas ne cessidades espontâneas, ganhando assim o interesse dela para o mundo que a rodeia. Essa atitude marcou o início da edu cação progressiva e foi passo importante no desenvolvimento humano. Contudo, os resultados do novo método foram, muitas vezes, desapontadores. Nos últimos anos instalou-se reação crescente contra a educação progressiva. Hoje, muitas pessoas acreditam que a própria teoria seja errônea, devendo ser posta de lado.
Há forte tendência para obter cada vez maior disciplina, e há, mesmo, uma campanha no sentido de que se permita aos professores das escolas públicas a aplicação de castigos corpo rais aos alunos.
Talvez o fator mais importante nessa reação seja o notável sucesso obtido pelo ensino na União Soviética. Ali, os mé todos antiquados de autoritarismo são aplicados com todo o ri gor. E os resultados, no que se refere a conhecimentos, parecem indicar que agiríamos mais acertadamente voltando às velhas disciplinas, pondo de parte a questão da liberdade da criança.
Será errônea a idéia de educação sem emprego da força?
Mesmo quando não o seja, teoricamente, como explicar seu relativo malogro?
Acredito que a idéia da liberdade para as crianças não seja errada. Mas, foi, quase sempre, pervertida. A fim de discutir com clareza o assunto, devemos, antes de mais nada, compre ender a natureza da liberdade. Para tanto, devemos estabeXVII
lecer a diferença entre autoridade manifesta e autoridade anô nima. (*)
A autoridade manifesta é exercida direta e explicitamente.
A pessoa que