Intolerância religiosa
A Intolerância Religiosa na História em dois exemplos significativos: as civilizações mesopotâmicas e a Inquisição
Exemplos de restrição severa à liberdade religiosa podem ser vislumbrados desde as primeiras codificações da História, oriundas das civilizações mesopotâmicas, nas quais qualquer conduta que divergisse da religião oficial, que cultuava o soberano, era taxada como “bruxaria”, recebendo as mais severas punições. Um exemplo notório é o dispositivo presente no Código de Hamurábi, que logo em seu segundo artigo, traz a seguinte determinação:
“Se um homem acusa outro homem da prática de bruxaria, mas não consegue trazer provas contra ele, aquele que é acusado de bruxaria deve ir à provação divina do rio, ele deve mesmo ser submetido à provação; se a provação divina do rio o subjugar, seu acusador deve tomar posse legal completa de seu patrimônio; Se a provação divina do rio inocentar aquele homem e ele sobreviver, aquele que o acusou de bruxaria deve ser morto; aquele que se submeteu à provação divina do rio deve tomar posse legal e completa do patrimônio de seu acusador”.
Depreende-se de tal texto que a morte nas águas do rio configurava o destino quase certo daqueles que ousassem divergir da religião oficial na Babilônia e, para coibir ainda mais tais condutas, o acusador recebia como incentivo o patrimônio do acusado. Esboçava-se desta forma o cerceamento exercido pelo poder central às práticas religiosas que pudessem minar a autoridade do rei, baseada na religião, e o poder da classe sacerdotal, que dominava a política. Assim, a marcante presença de normas que restringiam severamente a liberdade religiosa visando coibir práticas religiosas que escapassem ao controle do poder central possuía uma razão deveras pujante para justificar sua existência: a manutenção do poder nas mãos de uma classe social, que levou inúmeras civilizações, ao longo da história, a perseguir ferozmente determinadas manifestações