Interpretação desencanto manuel bandeira
Análise semiótica de "Desencanto", de Manuel
Bandeira
Dayane Celestino de ALMEIDA (USP / PIBIC-CNPq)
RESUMO: Ao longo de sua carreira, Manuel Bandeira escreveu vários poemas que podem ser considerados “poéticas”, ou seja, eles tratam do “fazer poesia”, ora dizendo para quê a poesia serve, ora dizendo como ela deve ser. Este trabalho apresenta uma análise de um desses poemas – “Desencanto” – sob a perspectiva da semiótica francesa.
Especial atenção foi dada à organização do plano da expressão, à aspectualidade e à tensividade no poema.
PALAVRAS-CHAVE: semiótica; aspectualidade; tensividade; poesia; M. Bandeira
ABSTRACT: Throughout his career, Manuel Bandeira wrote some poems that talk about “making poetry”, saying either what the poetry is for or how it should be. This paper presents an analysis of one of these poems – “Desencanto” – from the French semiotics point of view. A special attention was given to the organization of the expression plan, the aspectualization and the tensiveness.
KEYWORDS: semiotics; aspectualization; tensiveness; poetry; M. Bandeira
www.fflch.usp.br/dl/semiotica/es
Estudos Semióticos - número três (2007)
ALMEIDA, D.C.
O livro de estréia de Manuel Bandeira – A Cinza das Horas (1917) – é repleto de poemas de um lirismo melancólico e que remetem a temas como a espera da morte, a frustração, a resignação de quem espera o fim, o sofrimento, a angústia, a tristeza, etc. O poema que estudamos neste momento foi publicado em tal livro e não é diferente.
“Desencanto” é um metapoema que descreve o ato de fazer poesia como uma espécie de
“válvula de escape”, como um desabafo de um ser que sofre e espera a morte. Assim, ele pode ser considerado uma primeira “poética” de Manuel Bandeira, que descreve para quê a poesia serve. Nossa análise tem por objetivo explicitar como esta relação da poesia com o sofrimento está constituída neste texto e demonstrar os recursos utilizados