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Vamos admitir: desde que inventaram o Facebook e o Twitter que ninguém mais trabalha, só finge.
AS COISAS não vão nada bem no hemisfério Norte. A Grécia foi pra cucuia, Portugal e Espanha estão no vinagre, e, na Irlanda, os únicos habitantes que fizeram alguns caraminguás em 2011 foram os quatro integrantes do U2. Até os EUA, quem diria, ameaçaram dar um calote global, o que levou a agência Standard & Poor's a divulgar que a grande potência está mais pra "poor" do que pra "standard". Diante dos abalos econômicos e da ameaça de recessão mundial, acusam-se os suspeitos de sempre: a esquerda vê o fim do capitalismo, a direita vocifera contra a ineficiência do Estado. Eu, contudo, cronista independente, sem outro compromisso senão com a verdade - e com minha pequena, claro-, sei que a culpa não é dos negociantes nem dos políticos: a culpa, meus caros, é das mídias sociais. Vamos admitir: desde que inventaram o Facebook e o Twitter que ninguém mais trabalha, só finge -uma hora, ia dar problema. Se o hemisfério Norte quebrou antes de nós é porque se enredou primeiro nessas arapucas do Demônio, mas não demorará para nos estrumbicarmos também: afinal, o diapadrão de um trabalhador brasileiro não é tão diferente do de um americano ou europeu. Vejamos: você chega ao trabalho, senta-se diante do computador e, antes de começar suas tarefas, resolve dar uma checada rápida na "homepage". A "home" traz uma fofoca sobre o comportamento sexual de uma cantora pop, e você imediatamente pensa numa bobagem para tuitar. Abre o Twitter, escreve. Passa então a clicar, de dez em dez segundos, no "your tweets retweeted" -como um ratinho de laboratório, acionando a barra de glicose-, pra ver se gostaram da sua piada. Infelizmente, em 15 minutos, só um retuíte. Você decide preencher a carência que subitamente lhe bateu indo até o Facebook: vai que alguém lhe deixou um recado, na madrugada? Nada, ninguém quis lhe