insustentabilidade
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A (in)sustentabilidade da vida humana num mundo sem fé
The (un) sustainability of human life in a world without faith
Anderson Clayton Pires1
Resumo: A noção de progresso civilizatório trouxe muitos problemas para o mundo contemporâneo. Ao buscar identificar o “espírito desse tempo” (Zeitgeist), nomeado de neomodernidade neste artigo, concluímos que nele se institui uma civilização da morte, na qual a desconfiança psicótica tem caracterizado o olhar das pessoas entre si e, também, para um mundo no qual se vislumbra uma franca decadência moral das instituições existentes em geral. A glamorização do belo e do prazer tornou a intolerância uma marca determinante dos processos sociointerativos. Por isso, os relacionamentos se tornaram mais frágeis e descartáveis. Enquanto o capital erótico aumenta sua demanda para o consumo do prazer, o capital afetivo perde credibilidade no espaço ontológico das interações significativas. A intolerância tem-se apresentado como corolário da equação de uma “economia libidinosa” no mundo da neomodernidade. E nesse mundo, o “medo ontológico”, compreendido como modo de operar na vida destituída de confiança, torna-se uma condição de viver a vida privado da fé-esperança.
O desencanto pela vida é o efeito colateral do medo ontológico. Sendo assim, a vida humana destituída de encanto, nesse mundo das experiências vividas e significadas negativamente, se torna uma vida insustentável.
Palavras-chave: Neomodernidade. Civilização da morte. Medo ontológico. Vida insustentável.
Recebido: 31/08/2013
Aprovado: 27/09/2013
Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutor em Teologia pelo Programa de
Pós-Graduação da Faculdades EST (PPG-EST) em São Leopoldo/RS. Professor visitante no Instituto Superior de Teologia
Luterana e cooperador pastoral na Igreja Confessional Luterana. Tem vários artigos publicados em periódicos e revistas